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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Não permitirei que um tucano volte a presidir o Brasil'


O ex-presidente Lula foi entrevistado pelo apresentador Ratinho em seu programa no SBT

Ricardo Galhardo, iG São Paulo



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu nesta quinta-feira pela primeira vez que pode voltar a se candidatar à presidência. Lula disse no Programa do Ratinho, do SBT, que entra na disputa caso a presidenta Dilma Rousseff desista da reeleição com o objetivo de evitar a volta do PSDB ao governo.
“A única hipótese de eu voltar a me candidatar é se ela não quiser. Não vou permitir que um tucano volte a presidir o Brasil”, disse Lula. O programa ficou em segundo lugar na audiência com 8 pontos. Cada ponto equivale a 60 mil residências na grande São Paulo.
A primeira entrevista de Lula depois de diagnosticado o câncer na laringe em outubro do ano passado também serviu de palanque para o candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. O ex-ministro da Educação, empacado em 3% nas pesquisas de opinião, foi mostrado duas vezes, identificado como candidato de Lula, convidado a sentar à mesa de entrevista e alvo de fartos elogios.
A produção do programa chegou a preparar um vídeo sobre o Pro-Uni com direito a personagens e cenas melodramáticas.
Haddad aproveitou o palanque para enumerar suas realizações no MEC e criticar a política de saúde da prefeitura. Lula também não poupou elogios ao pupilo. “O Haddad vai entrar para a história do Brasil como o ministro que criou o Pro-Uni”, disse o ex-presidente.
A pedido de Ratinho, Lula justificou o fato de ter escolhido um nome novo para concorrer. “O prefeito de São Paulo quando começa a nascer qualquer que seja já nasce um pouco velho”, afirmou.
Além de Haddad, Lula chegou ao SBT acompanhado do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, do deputado Ratinho Jr. (PSC-PR), do vereador José Américo e assessores.
Desde o início do programa Ratinho avisou que não faria perguntas incômodas ao ex-presidente. “Ele não é mais presidente da República e não tem que ser cobrado por nada. Vamos falar da saúde, da recuperação, de política e desse timeco do Corinthians”, avisou. Pouco depois, ao pedir que os telespectadores enviassem perguntas pela internet, Ratinho foi ainda mais explícito.
“Aí começa todo mundo a mandar email com perguntinha besta mas eu não entro nessa. Vou conversar com o meu amigo Lula”, disse o apresentador. “Se for pergunta boa eu faço. Pergunta ruim não faço”, completou.
Quando faltava um minuto para o final do programa Ratinho citou o episódio com o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes. “Eu nem ia perguntar sobre essa história do Gilmar Mendes porque o povão não entende muito”, disse o apresentador.
"Não tenho interesse em falar nisso. Quem inventou que prove a história. Quem acreditou nela que continue provando. O tempo se encarrega de arrumar as coisas", afirmou Lula
Ao longo de 44 minutos o ex-presidente foi alvo de elogios e teve o microfone à disposição para, com a voz fraca, atacar os adversários. Ao justificar as falhas no sistema de saúde pública, Lula acusou a oposição de acabar com a CPMF por vingança.
“Eles (adversários) não perceberam que não me prejudicaram mas prejudicaram o povo pobre. Por vingança me tiraram a CPMF que era imposto de rico”, afirmou.
Além de fazer política, Lula falou da vida fora da presidência e do tratamento contra o câncer na laringe. “Quando cheguei em São Bernardo o general (Gonçalves Dias, chefe da segurança) disse que depois de três dias vinham buscar os carros e os telefones. Lá pelas tantas meu filho disse que ia pedir um carro para ir embora e não tinha mais carro, o telefone não funcionava mais”, disse. “No dia seguinte estávamos eu e a Marisa sentados olhando um para a cara do outro sem saber o que fazer”, completou.
Sobre o câncer Lula falou das dificuldades do tratamento, da dor e de sua nova rotina. Apesar do assunto delicado, Lula mostrou bom humor ao comentar o terno que estava usando. “Eu brinquei com o Ratinho que este terno aqui comprei quando estava internado no hospital me preparando para por no caixão. Porque com terno velho eu não iria”, disse.
 

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