A presidente Dilma Rousseff já deu sinal verde para o PMDB substituir o ministro do Turismo, Pedro Novais. Dilma, no entanto, vai deixar a condução do processo a cargo do vice-presidente Michel Temer, repetindo o modelo adotado na substituição do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi.
Até o momento o ministro do Turismo, Pedro Novais, resiste em pedir demissão, segundo interlocutores do Planalto . Em encontro com o líder Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ele insistiu que tem condições de enfrentar mais essa crise no cargo. Mas a cúpula do PMDB, com aval da presidente Dilma Rousseff, já negocia nomes para ocupar seu cargo.
Para o partido a permanência de Novais desgasta a imagem de todo o PMDB, principalmente na véspera do encontro nacional . Por isso a decisão de substituí-lo imediatamente para estancar a crise antes de quinta-feira.
- Para Novais só tem duas soluções: ou sair por vontade própria, ou ser saído - resumiu o presidente do PMDB Valdir Raupp, que esteve pela manhã com Dilma.
Temer se reunirá às 18h com lideranças do PMDB para discutir a substituição do ministro do Turismo, Pedro Novais. Cresce no partido a cotação do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco. Ele foi chamado para reunião que contará com a presença do presidente em exercício do PMDB, Valdir Raupp (RO), do presidente do Senado, José Sarney (AP), do líder peemedebista no Senado, Renan Calheiros (AL), e do líder na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
A saída do peemedebista do cargo foi motivada por uma série de denúncias publicadas contra o ministro na imprensa. Na terça-feira, o jornal "Folha de S. Paulo" publicou uma reportagem na qual mostra que, entre 2003 e 2010, quando ainda era deputado, Novais pagou o salário de sua governanta com dinheiro público . Uma nova denúncia publicada no jornal nesta quarta-feira agravou a situação do ministro. Segundo a reportagem, a mulher do ministro usava irregularmente um servidor da Câmara como motorista particular.
A presidente Dilma já conversou nesta quarta-feira, por volta do meio-dia, com o presidente do PMDB, o senador Valdir Raupp (RO). O líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), também já esteve nesta quarta-feira reunido com Pedro Novais. Segundo relatos de peeemedebistas, Alves teve uma conversa sincera com o ministro e mostrou que a situação política ficou muito delicada com as novas denúncias. Henrique Alves teria dito ainda que Novais tinha experiência política suficiente para avaliar o quadro. Mais cedo, Alves disse que Temer estava preocupado com a repercussão negativa das denúncias.
Sem o apoio do próprio partido, a expectativa é que o ministro entregue a carta de demissão nas próximas horas.
- É um noticiário desconfortável, não posso negar. Tem que ter uma resposta cabal do ministro - avaliou Alves, antes da reunião.
O líder do PMDB, no entanto, evitou falar em saída:
- Ele é quem vai sentir. É um homem experiente.
Deputados ligados a Henrique Eduardo Alves e Sarney são cogitados para substituir Novais
Está sendo aguardada a volta de Temer, prevista para as 16h, para bater o martelo. A bancada insiste em um nome da Câmara, despontando os deputados Marcelo Castro (PI), Gastão Vieira (MA) e Lelo Coimbra (ES). Castro é o nome preferido do líder do PMDB na Câmara. Já o presidente do Senado, José Sarney, quer Gastão Vieira. Apesar das possibilidades, existe o temor de que, ao aceitar ser ministro, um deputado possa virar ele próprio alvo de novas denúncias. Fora da Câmara, outro nome cotado é o do vice-presidente da Caixa, Geddel Vieira Lima.
- O Henrique teve uma reunião tensa com a bancada e tentou sair de lá com uma carta branca, alegando que podia ter que indicar logo e não daria tempo de consultar o partido. Ele defendeu o Marcelo Castro, mas Dilma não quer de jeito nenhum porque o irmão dele aparece nos grampos da Polícia Federal na Operação Voucher. Sarney quer Gastão, mas a bancada está chiando e não aceita porque diz que a vaga é da Câmara. Então, pode sobrar para Lelo - contou um dos deputados que participou da reunião com Henrique.
Segundo o parlamentar peemedebista, já está tomada a decisão de tirar Pedro Novais. Só falta ver como fazer.
- Agora estão tentando uma saída para preservar o pequenininho. Mas o partido tem que agir depressa e apresentar um nome de consenso, senão Dilma toma logo uma providência e tira a vaga do PMDB.
Presidente do PMDB diz que denúncias são gravesRaupp considerou graves as denúncias de que o ministro manteve uma empregada doméstica custeada pela Câmara. Mas preferiu não acusar seu companheiro de partido.
- Vamos sentar hoje à tarde e aguardar os esclarecimentos. Da outra vez, ele prestou esclarecimentos, que foram importantes - disse, em relação às denúncias de que ONGs mantinham contratos milionários com o Ministério do Turismo, mas não prestavam trabalho.
O senador disse, porém, que até agora Novais não procurou o partido para conversar - exceto o líder da legenda na Câmara. Para o presidente do PMDB, uma denúncia contra um filiado do partido não pode comprometer a legenda toda.
- A legenda é muito grande para querer generalizar um caso ou dois.
Novais vinha se segurando no governo apesar de bombardeado por denúncias de desvio de verbas da Câmara antes mesmo de assumir o cargo, e depois de irregularidades graves na pasta.
Dilma queria explicações para tomar 'medidas cabíveis'Pela manhã, a presidente Dilma Rousseff falou sobre a situação de Novais. Ela queria explicações do ministro para tomar as medidas cabíveis. A presidente deu uma entrevista de cerca de 25 minutos antes de participar da abertura do Seminário de Gestão de Compras Governamentais em um hotel de Brasília. Ao ser perguntada sobre a situação do ministro, ela disse:
- Primeiro, a gente pede as explicações cabíveis. Eu voltei hoje de São Paulo. Vamos encaminhar isso, avaliar qual é a situação e tomar as medidas cabíveis de forma muito tranquila.
A presidente afirmou que Pedro Novais não a procurou para se explicar sobre denúncias:
- Ele não me deu explicação até porque eu não estava aqui.
Com a iminente saída de Novais, já são cinco os ministros que deixaram o governo Dilma: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa) e Wagner Rossi (Agricultura). A presidente ainda promoveu a troca de Ideli Salvatti, agora nas Relações Institucionais, por Luiz Sérgio, que foi para Pesca.
Será também o segundo ministro do PMDB a deixar um ministério em meio a denúncias. No dia 17 de agosto, o então ministro da Agricultura, Wagner Rossi, pediu demissão diante da notícia de que ele e um de seus filhos - o deputado estadual Baleia Rossi (PMDB-SP) - costumavam fazer viagens particulares em avião emprestado por uma empresa do ramo do agronegócio com interesses na pasta. Outro ministro da legenda que também deixou o governo foi Nelson Jobim , mas nesse caso por ter falado demais e ofendido colegas.
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