Autointitulado uma espécie de "embaixador para a reforma política", o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Brasília nesta quarta-feira para coordenar uma reunião sobre a polêmica reforma política, conjunto de regras que pode alterar o modo de arrecadação das campanhas, as coligações entre partidos e o poder das legendas políticas no pleito. Ao lado do presidente em exercício, Michel Temer, Lula reuniu os aliados PCdoB, PSB, PT, PMDB e PDT para discutir como viabilizar a aprovação definitiva do novo conjunto de regras no Congresso Nacional.
O ponto de discussão com maior avanço, o financiamento público para campanhas políticas, por exemplo, foi aprovado nesta quarta-feira pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), mas a oposição ainda buscará levar o caso à votação em Plenário, além de o fato de a Câmara dos Deputados ter uma comissão especial que buscará mais uma vez votar o relatório do deputado Henrique Fontana sobre reforma política no dia 5 de outubro.
"A reunião mostrou um grau de convergência muito grande desses cinco partidos. O presidente Lula fez uma fala muito forte da importância que tem uma reforma política para melhorar o sistema político brasileiro. Um grande ponto em comum que esses cinco partidos defendem é o financiamento público exclusivo com forte redução dos custos de campanha", disse o deputado Henrique Fontana.
Presente na reunião, o ministro do Trabalho e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, chegou a comparar o atual sistema de financiamento de campanha, com empresários doares, por exemplo, como uma "corrida do ouro".
"As campanhas políticas no Brasil estão virando uma espécie de corrida do ouro", disse ele, conforme relato de Fontana.
"Quem mais arrecada tem mais chance de se eleger, elas custam cada vez mais caro, estão duplicando de valores a cada quatro anos e estão se tornando proibitivas para a maior parte da população. Para realmente termos uma democracia é preciso que tenhamos um processo onde todos tenham chance de serem candidatos. A corrupção tem múltiplos fatores, mas quando a gente para pra pensar, me parece evidente que, em um sistema que em todos aqueles que têm interesses a tratar com os futuros governos sejam os mesmos que financiam as campanhas, nós não vamos ter um melhor resultado. O financiamento público vai trazer mais transparência, mais segurança para a gestão pública e mais estabilidade e independência para os governos que se constituam a partir de eleições com financiamento público", defendeu o deputado.
"O povo hoje já paga pelas campanhas. Ou ele paga de forma legal, quando o preço dos produtos carrega um valor que depois vai para as campanhas ou ele termina alimentando uma lógica em que os favores e privilégios que os financiadores buscam com os governos terminam sendo devolvidos na hora da campanha", completou o parlamentar.
Presidente nacional do PMDB, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) disse que os peemedebistas ainda não têm consenso em relação ao financiamento público e são contra, por exemplo, ao voto em lista, quando o partido político elabora um rol de candidatos e ao eleitor cabe votar na legenda no dia da eleição.
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